Quem
acha que o episódio se resume ao simples cuspir que pudemos ver, está
profundamente enganado. Não há como entender o ocorrido, sem analisar as
figuras polêmicas envolvidas.
De um lado, Jean
Wyllis, como era de se esperar, tem atuação política predominantemente na defesa
de LGBTs, com projetos de lei autorizando retificação do registro civil em
razão de identidade de gênero; casamento entre pessoas do mesmo sexo... Tudo
dentro da lógica de qualquer pessoa isenta de preconceitos religiosos.
Sobre
o projeto de lei 7270/14, é só mais um que tenta regular o uso da maconha, que
na prática é liberada na sociedade. Se deve legalizar ou não, o assunto é
complexo e não nasceu com ele. Longe disso.
Atacá-lo
pelo Projeto de lei 4211/12 é de extrema hipocrisia, pois apenas tenta resguardar
as prostitutas (cuja escolha de vida não me cabe julgar, desde que não façam
mal a ninguém - embora estejam fazendo a elas mesmas). O projeto restringe-se a
pessoas maiores de idade e protege contra o explorador sexual (cafetão) e
contra violência.
Sobre
o PL 7633/14 eu já fiz um post no blog (
http://vanessa-fagundes.blogspot.com.br/2014/08/pelo-direito-de-escolha-da-cesarea.html?m=1)
e tenho completa aversão, uma vez que tenta restringir o direito da cesárea
para a parturiente. O corpo é da mulher e só ela deve decidir como realizar o
parto.
O PL
882/15 é o que mais respeito, pois regulamenta a interrupção voluntária da
gravidez na rede pública e privada. Combate igualmente a hipocrisia ao proteger
as inúmeras grávidas que morrem ou pegam infecções ao abortar em condições
insalubres (geralmente pobres, pois as "ricas" têm pleno acesso ao
aborto seguro que também é liberado na sociedade real). Há vários textos
inteligentíssimos sobre o tema (recomendo Drauzio Varela). É preciso discutir
esses assuntos de forma racional e separar a religião do Estado
definitivamente.
Do
outro lado, Jair Bolsonaro é um militar com repetidas declarações e atitudes
machistas (alguém lembra da frase: “só não te estupro porque você não
merece”?), homofóbico dos mais ignorantes (“prefiro que um filho meu morra num
acidente do que apareça com um bigodudo por aí"), racista, violento e
tantos outros péssimos adjetivos que aqui cansariam os olhos.
Ao
votar na Câmara, Bolsonaro cita o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra como
um herói, sendo que na realidade foi o primeiro militar condenado pela Justiça
como torturador na ditadura militar. Todos sabemos que a ditadura militar no
Brasil lutava contra o comunismo, contra o qual também lutamos hoje, mas os
fins não justificam os meios e tortura sempre será crime.
Jean
Wyllys, embora com ideais políticos medíocres de comunismo, geralmente busca
apenas defender os mais fracos.
Bolsonaro,
embora politicamente de direita, pautou sua vida em ações violentas contra
minorias e contra tudo que sua religião afirma ser proibido.
Jean
afirma que ao passar por Bolsonaro foi insultado com palavras de “boiola”,
“viado”, o que fica fácil de acreditar, vindo de quem veio...
Considerando
o contexto e a história de cada um, o cuspe na cara significou um grito honesto
contra tudo de ruim que Bolsonaro representa.
Quer
saber, FOI POUCO!