Feliz ano novo, galera! Dessa vez não teve mensagem de fim de ano e
de começo de ano já vem atrasada...rs Então, vamos ao que interessa: o primeiro
post de 2014!!
Nos últimos dias li pela primeira
vez o meu livro querido: “Como Vencer o Transtorno do Pânico” impresso!!! Sim,
virando página por página, sentindo aquele cheiro delicioso de papel
impresso... ahh, fanáticos por leitura vão me entender!! E sabendo que é meu
bebê fica melhor ainda!!! Só sei que me emocionei de novo, ri de novo, chorei
de novo, como se fosse a primeira vez que estivesse lendo aquilo ou mesmo se
não tivesse sido eu que escrevi!!! São
os deleites de quem ama ler e escrever...rs
Bom, fiquei com vontade de
compartilhar aqui no blog um trecho do capítulo sobre YOGA... acreditem, eu
quase copiei do livro impresso até que lembrei que tenho tudo em arquivo no
computador (kkkkkkk), então aqui vai:
“Eu já disse
que as dificuldades são piores, dependendo de como reagimos a elas. Grande
parte desse pensamento me foi ensinado nas aulas de yoga.
Yoga serve como
um harmonizador entre corpo e mente. Para quem olha de fora, parecem apenas
exercícios de alongamento, mas isso é o benefício mais simples que o yoga
fornece.
A palavra
sânscrita yoga tem diversos significados e deriva da raiz yuj, que significa
"controlar", "unir". Algumas das traduções indicam
"união", "conjunção". Fora da Índia, a prática de yoga mais
conhecida é o Hatha Yoga, através de seus asanas (se pronuncia “ássanas” e são
as posturas praticadas na aula) e encarada como uma forma de exercício e
relaxamento.
O Yoga enxerga
o ser humano como uma consciência dentro de um veículo físico (o corpo). Esse
corpo pode sofrer influências negativas e positivas, vindo tanto da mente do
próprio indivíduo quanto de fatores externos. Seu objetivo é integrar o corpo e
o pensamento (ou essa consciência) de maneira a alcançarmos o samádhi ou a
iluminação da consciência.
O Hatha Yoga,
linha que pratico, busca através de asanas, pranayamas (formas de respiração),
meditação e toda uma ética, a purificação física e psíquica, para que a
divindade interior possa brilhar em toda a sua magnitude.
Destaco a importância
de encontrar um professor de yoga que tenha a plena consciência de sua
capacidade de transmitir os benefícios da prática, não somente através dos
asanas, mas da meditação que acompanha as aulas, das conversas, das idéias
lançadas aos alunos e de todo o ambiente criado em torno da prática. Posso
dizer que tive a sorte de encontrar professores com essa consciência.
Diferente do
que muita gente pensa, não é necessário ser budista, esotérico ou acreditar em
nada exótico para praticar Yoga e receber seus benefícios, basta apenas
praticá-lo regularmente.
Sempre que
estou em alguma posição difícil (nesse caso, quero dizer posição física-
literalmente contorcida no colchonete em algum asana esquisito), sentindo todos
os tendões sendo alongados, com cara de dor e querendo desistir, o professor
passa ao meu lado com aquele ar sereno e diz: “A dor é um fato. O sofrimento é
opcional. Avalie a sua mente neste momento. O que você quer fazer?”.
Então eu relaxo
o semblante, agüento firme e termino o asana tranquilamente, pensando que venci
a vontade de desistir.
Durante as
aulas, o professor pode lançar idéias que, se soubermos aproveitar, se
transformam em verdadeiros conceitos de vida.
Parece uma
situação boba e pequena, mas os reflexos desses pensamentos e a autoconfiança
que vamos adquirindo servem para qualquer ocasião, de qualquer tamanho e
intensidade.
Já ouvi várias
pessoas dizendo que yoga é parado demais, chato demais. Quem pensa assim,
deveria experimentar uma única aula.
Meu marido
costuma se exercitar na academia, levantando peso. Certo dia resolveu
participar de uma aula de yoga comigo, porque precisava “relaxar”. Sua atitude,
no início, chegava a ser displicente. Pude notar certo descaso em relação à
prática à qual me dedico tanto. Ri muito quando, no final da aula, ele reclamou
de dor em quase todos os tendões que foram alongados e não conseguia andar
direito devido à tonificação de músculos que ele nem sabia que tinha.
Claro que o
yoga não deve deixar dores. Por isso o relaxamento induzido, após a prática,
evitando que sensações desagradáveis permaneçam. Mas, como era a primeira aula
dele, como seu corpo não estava acostumado a se alongar e certamente sua
dedicação ao correto posicionamento nos asanas não foi das melhores, ele sentiu
os reflexos. Pessoalmente, posso dizer que fiquei feliz com os reflexos, pois
confirmaram o que eu sempre dizia: “yoga não é para molengas!!”.
A primeira
indicação de tratamento auxiliar para crises de ansiedade é o yoga.
No yoga aprendi
a observar meu comportamento, meus pensamentos, sem me identificar com eles.
Meu corpo pode estar sentindo dor, mas eu não preciso sofrer por causa disso.
Meu corpo pode estar com batimento cardíaco acelerado, mas eu não preciso me
desesperar por causa disso. Como o professor sempre diz, é só um corpo. Um
corpo que deve ser respeitado e bem tratado, mas no final das contas é só um
corpo, cujas reações não devem ser supervalorizadas.
A ansiedade é
uma emoção voltada para o futuro. Seu corpo está presente, mas sua mente está
voltada para o futuro, esperando que algo de ruim aconteça.
Quando estamos
ansiosos, vemos claramente a divisão entre o corpo e a mente, cujo objetivo do
yoga é unificar. Parte de nós está presente (o corpo) e parte está se
projetando para frente (a mente), em um cenário construído mentalmente cheio de
incertezas e toda sorte de perigos.
Toda pessoa que
apresenta algum transtorno ansioso vive esta divisão, com forte projeção mental
no futuro, mesmo que um futuro próximo, criando na mente cenários que trazem
sofrimento intenso e constante, por antecipação: “vou passar mal”, “vou ter
aquilo de novo”, “vou morrer”, “vai dar errado”, etc.
Quando
conseguimos canalizar nossa atenção unicamente ao momento presente, a ansiedade
tende a diminuir drasticamente, ou mesmo se dissipar. Quando a mente retorna
para as pré-ocupações com o futuro, a ansiedade reaparece.
Um primeiro
modo de se fazer presente é se observar, se perceber, mesmo estando mentalmente
preocupado com o futuro.
Feche os olhos
e observe seus pensamentos. Dedique alguns minutos a isto.
Esse
ensinamento está muito claro no livro de Eckart Tolle, “O Poder do Agora”16.
Eckart ensina
que nada existe além do Agora. “Você alguma vez vivenciou, realizou, pensou ou
sentiu alguma coisa fora do Agora? Acha que conseguirá algum dia? É possível
alguma coisa acontecer ou ser, fora do Agora? A resposta é óbvia, não é mesmo?
Nada jamais aconteceu no passado, aconteceu no Agora. Nada jamais irá acontecer
no futuro, acontecerá no Agora. O que consideramos como passado é um traço da
memória, armazenado na mente, de um Agora anterior. Quando lembramos do
passado, reativamos um traço da memória e fazemos isso agora. O futuro é um
Agora imaginado, uma projeção da mente. Quando o futuro acontece, acontece como
sendo o Agora”.
Não podemos
deixar que a mente nos use e nos faça crer que somos a mente. Somos algo muito
acima da mente. Por isso, podemos observá-la, sem nos identificar.
Os pensamentos
no estado ansioso geralmente seguem padrões repetitivos, manifestando
preocupações – “estou passando mal”, “devo ter uma doença séria”, “aquilo vai
acontecer de novo”, “e se der errado” etc. – criando cenários catastróficos,
levando você a se sentir cada vez mais ansioso. Estes pensamentos negativos
automáticos são responsáveis pela ansiedade presente, por toda a angústia que
vivemos.
No yoga
aprendemos a desenvolver o “eu que observa”. Em todos os asanas, somos
incitados a observar nossos pensamentos e a maneira como encaramos a dor, a
falta de equilíbrio (físico, no caso do asana, mas nossa postura certamente se
reflete no desequilíbrio emocional e mental). Assumimos uma atitude de
espectador e de não identificação com os pensamentos. Simplesmente observando
nossos pensamentos, começamos a aprender sobre nós mesmos e sobre nosso
funcionamento mental. Percebemos como existem pensamentos automáticos que
dominam a mente e levam a um estado ansioso.
Como a pergunta
do meu professor: “Qual sua vontade agora?”, infelizmente desistir e fugir são
pensamentos automáticos que aparecem à maioria das pessoas. Mas, desistir no
momento de uma crise de pânico significa se render aos sintomas horríveis e
deixar que eles dominem seu corpo e sua vida. Hoje, para mim, isso não é uma
opção aceitável.
No momento da
prática, você não precisa se preocupar em frear ou mudar os pensamentos. Tudo
que precisa fazer é reconhecer como sua mente funciona e quais os pensamentos
automáticos que surgem, causando a ansiedade. A meta, durante a prática, é de
reconhecimento e aceitação, não de controle.
Você vai
começar a perceber que o perigo não está presente, mas é cultivado através
destes pensamentos negativos voltados para o futuro.
Quando você
deixa de ser o “eu que pensa” e passa a ser o “eu que observa”, você começa a
enfraquecer estes pensamentos automáticos, reconhecendo que eles são apenas
pensamentos e não são você.
Um exercício
para treinar o “eu observador” que aprendi no yoga é tentar assistir um filme
de terror dando risada e um filme de comédia ficando extremamente sério. Assim,
ensinamos ao nosso cérebro que, não importa o que está acontecendo ao nosso
redor, não precisamos nos identificar com nada, apenas observar e, assim,
controlar nossa reação frente a qualquer coisa.” Extraído do livro: “Como
Vencer o Transtorno do Pânico” de Vanessa Fagundes, disponível em Como Vencer o Transtorno do Pânico