Postagens populares

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Complexo?




Esses dias tive uma experiência interessante viajando com meu pai. Ele me acompanhava até uma cidade em que já trabalhou e onde eu precisava realizar algumas diligências. Felizmente pude contar com meu GPS genitor, pois não chegaria naquele lugar nunquinha! O fato é que, durante o trajeto, naquela estradinha sinuosa e enjoativa, ele foi explicando quais locais inundavam na época de chuva, quais locais as curvas eram mais perigosas e eu comecei a me perguntar: “Pelo amor de Deus, como ele conseguiu viajar nessa estrada horrível, diariamente, por tanto tempo, só pra trabalhar!?!”, então lhe disse que sua permanência naquele emprego havia durado tempo demais, que eu provavelmente não ficaria uma semana pegando aquela estrada, todo santo dia.




Ele riu e disse que a minha geração estava muito mal acostumada.




Eu rebati dizendo que a minha geração está construindo um novo conceito de trabalho. A exemplo de grandes empresas como Google e Apple em que verdadeiros centros de lazer estão à disposição do empregado, em horário de expediente, para que ele se sinta completamente confortável, a fim de realizar suas tarefas quando entender cabível.




Acho que para a geração do meu pai, esse conceito é difícil de entender. Talvez até para a minha geração, ainda estejamos tentando adequar a realidade a essa nova percepção.




Claro que empresas assim são raras e jogar videogame durante o expediente, normalmente, gera demissão ainda nos dias atuais. Mas, o fato é que a chamada geração Y (nascidos entre 1980 e 1990), seguidos pela geração Z (nascidos após 1990), realmente se vê como a última bolacha do pacote (insubstituíveis) e agüenta muito menos “inconvenientes” na relação de trabalho do que seus pais agüentavam.




É importante termos em mente que quase ninguém é insubstituível, mas o direito de exigir benefícios possíveis também não pode ser descartado.




Felizmente, a minha geração e a posterior se desenvolveu num cenário de grande evolução tecnológica e prosperidade econômica. Esses fatores influenciaram o modo como encaramos o trabalho. Antes era considerado normal um empregado trabalhar mais de 12 horas diárias, em locais inapropriados (insalubres, perigosos) e quando sentisse tontura ou desgaste físico, seria apenas um efeito do trabalho que deveria ser suportado em silêncio.




Hoje, com a promulgação da Constituição de 1988, das leis trabalhistas, dispomos de maior respaldo contra o trabalho prejudicial. Mas, não é só isso que exigimos. Queremos ar condicionado, cadeira ergométrica, paisagismo e tudo que puder contribuir para nosso bem estar no ambiente de trabalho. E isso é exigir demais? A minha geração acredita que não. A geração anterior acha que são “regalias”.




Regalias ou não, o fato é que a mentalidade muda e, felizmente, a tendência é mudar para melhor. Se o trabalhador, hoje, pode contar, ou ao menos esperar, por condições cada vez melhores de trabalho, por que não almejá-las?




A liberdade de agir não pode ser confundida com irresponsabilidade. Tenho certeza que todos os empregados da Apple estão cientes do trabalho que precisam entregar até o final do dia, independente de quanto tempo passaram no Playstation.




Se eu gostaria de ficar no PS3 em horário de trabalho? Provavelmente não, pois prefiro um bom livro. Mas, desde que o trabalho esteja entregue e bem feito no final do dia, o que importa se o individuo gastou 2 ou 3 horas fazendo seja o que for, para relaxar a mente e conseqüentemente, ser mais criativo e produtivo? É comprovado que duas horas de um trabalho realizado com disposição e vontade, rende muito mais que dez horas daquele realizado sem vontade.




Conceitos mudam, evoluem e devemos evoluir com eles. Amo meu paizão e todo o esforço que ele dedicou para garantir o sustento lá em casa e, em especial, a minha educação, mas agradeço à evolução do pensamento que me proporciona hoje melhores condições de trabalho.




Antes de criticar qualquer atitude, devemos, antes, tentar compreendê-la.

2 comentários:

  1. é verdade Van...penso da mesma forma, apesar de nossos pais terem feito de tudo para nos educar bem, hoje podemos ter melhores condições com a nossa forma de pensar....

    ResponderExcluir