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quinta-feira, 12 de julho de 2012

As perguntas que não ousamos fazer!

(inspirado no livro “Variedades da Experiência Cientifica - Uma visão pessoal da busca por Deus” uma compilação de palestras de Carl Sagan)
E se eu provar que mais de metade da população mundial, NOS DIAS DE HOJE, ainda acredita que a Terra é o centro do Universo?? Como? Ora, sabemos que o Universo é gigantesco (pra usar uma expressão que chega a ser eufemista), sabemos da enorme probabilidade de existir mais vida inteligente no Universo, além da nossa (na maioria dos casos RS). Então, o que nos leva a crer que somos TÃO especiais a ponto do único filho do Deus Criador Todo-Poderoso ser mandado para nos salvar e somente a nós??
O geocentrismo continua enraizado na nossa mente, tão forte quanto no tempo de Copérnico. O problema é que a humanidade sofre de uma cegueira tão forte que não consegue enxergá-lo.
Thomas Paine em seu livro “A era da razão” diz “De onde, então, pôde surgir o estranho conceito de que o Todo-Poderoso, que tinha milhões de mundos igualmente dependentes de sua proteção, deveria parar de cuidar de todo o resto e vir morrer em nosso mundo porque, como dizem, um homem e uma mulher comeram uma maçã? E, por outro lado, devemos acreditar que todos os mundos na criação infinita tiveram uma Eva, uma maçã, uma serpente e um redentor?”
Carl Sagan diz que esse é um deus de um mundinho pequeno, um problema que os teólogos não trataram de maneira adequada. (não usaram as metáforas apropriadas? RS)
Aqueles que inicialmente nos imaginavam no centro do sistema solar, com a explosão intelectual do heliocentrismo, começaram a imaginar se pelo menos o centro da galáxia nos estava reservado... com a evolução da ciência, descobriu-se que não, então começaram a se perguntar se ao menos o centro do Universo pudesse ser nosso... mas, o centro do Universo não existe. Todos que desejaram um sentido cósmico central para nós ficaram cada vez mais decepcionados. (talvez a humildade que as religiões, tão convenientemente pregam, deveria ser utilizada também na sua ideia central – do Todo-Poderoso focado somente na Terra – o problema é que, na época em que as Escrituras foram feitas, não existia tanto conhecimento, então a doutrina não poderia ser tão abrangente, justamente porque criada por homens limitados)
Sagan, com seu brilhantismo, nos lança algumas questões a esse respeito:
Por que, afinal, é necessário que Deus intervenha na história da humanidade, nos assuntos humanos, como presumem quase todas as religiões? Que Deus ou deuses desçam à Terra e digam aos seres humanos: “Não, não faça isso. Faça aquilo, não se esqueça disso, não reze desse jeito, não idolatre ninguém mais, mutile seus filhos assim, assim”.
Porque existe uma lista tão longa de coisas que Deus pede às pessoas que façam?Porque Deus não fez do jeito certo de uma vez? Ele criou o Universo, então pode fazer qualquer coisa... A intervenção de Deus nos assuntos humanos revela incompetência, diz Sagan.
E é perfeitamente possível imaginar que Deus, não um deus onipotente ou onisciente, só um deus razoavelmente competente, poderia ter criado provas absolutamente indubitáveis de sua existência.
Imaginem que exista um conjunto de livros sagrados em todas as culturas, em que haja algumas frases enigmáticas que Deus ou os deuses tenham pedido aos nossos ancestrais para transmitir sem modificações para o futuro. Seriam frases que hoje reconheceríamos, mas que não pudessem ser reconhecidas naquele tempo. “Não se esqueçam, o Sol é uma estrela”... nossos ancestrais diriam “Hein???” Mas repassariam a informação nas Escrituras, porque foi Deus que mandou... ou que tal “Não viajarás mais rápido que a luz”?
Em outras palavras, porque Deus seria tão claro na Bíblia e tão obscuro no mundo? (por favor, tenham um pouco de vergonha e não usem o argumento de que Deus testa nossa fé se escondendo... quer dizer que a fé de quem escreveu as Escrituras não precisava ser testada e Ele podia aparecer numa boa, naquela época?)
Não há dúvida de que a religião tem tido o papel histórico de fazer com que as pessoas se contentem com o que possuem. Até hoje costuma-se argumentar que a veracidade ou a falsidade da doutrina religiosa importa menos do que o grau de estabilidade social que ela proporciona.
Não é muito difícil perceber que uma doutrina como essa seria bastante atraente para as classes dominantes de uma sociedade. (não tenho dúvidas de que é por isso que a religião ainda é tão incentivada e difundida – fora o fato de que as pessoas não estão acostumadas a fazer perguntas...)
Muitas religiões estabelecem um conjunto de preceitos – coisas que a pessoa tem que fazer – e afirmam que essas instruções foram dadas por um deus ou por deuses. O primeiro código legal, de Hamurabi, da Babilônia, por exemplo, em 2.000 a.c. foi entregue a ele pelo deus Merodaque, ou pelo menos foi o que ele disse...(eu toquei numa pedra escrita por deus e não sabia!!!!!!!!) Se Hamurabi tivesse simplesmente dito “Aqui está o que acho que todo mundo tem que fazer”, ele teria tido muito menos sucesso, mesmo sendo rei da Babilônia, do que dizendo: “Deus diz que vocês devem fazer isso”.
Não é provável que, em tempos mais primitivos, em circunstâncias menos sofisticadas, quem quisesse impor determinado conjunto de princípios de comportamento alegasse que eles lhes tinham sido entregues por deus, ou por deuses?

Sagan termina perguntando se em uma projeção de vinte, cinquenta ou cem anos no futuro, possa haver um mundo em que tenhamos recobrado a razão, em que tenhamos entendido as coisas. Ele diz que podemos fazer isso.
Já existiu, por exemplo, uma doutrina sobre o direito divino dos reis. Segundo ela, Deus dava aos reis e rainhas o direito de mandar em seu povo. E naquela época, mandar queria mesmo dizer mandar!
Mas mesmo assim, aconteceu uma série de revoluções no mundo inteiro (revoluções intelectuais) – a americana, a francesa, a russa – que deram origem a um planeta em que ninguém, excetuando um ou outro imperador atavista ocasional de algum paisinho incipiente, ninguém acredita no direito divino dos reis. Hoje é meio que uma vergonha. Uma coisa em que nossos ancestrais acreditaram, mas que nós, nestes tempos mais esclarecidos, não acreditamos.
Ou pensem na escravidão, que Aristóteles defendeu como a ordem natural das coisas, que os deuses a exigiam, que qualquer movimento para libertar os escravos ia contra o desígnio divino. E os proprietários de escravos, ao longo da história, usaram trechos da bíblia para justificar essa propriedade (como já falei antes, trechos bons ou convenientes existem em qualquer livro...) E hoje, em mais uma sequencia de acontecimentos no mundo inteiro, a escravidão legal foi praticamente eliminada. E outra vez é uma coisa do nosso passado do qual nos envergonhamos...
Ou mesmo coisas como a varíola e outras doenças desfigurantes e fatais, doenças infantis, que um dia foram vistas como uma parte inevitável da vida, determinadas por Deus (era a Sua vontade). O clero alegava, e parte dele ainda alega, que essas doenças foram enviadas por Deus como uma punição para a humanidade (que dizer dos cristãos que recentemente declararam que a Aids era uma punição de Deus para os homossexuais?). Com algumas dezenas de milhões de dólares e o esforço de médicos de cem países, coordenados pela OMS, a varíola foi eliminada da face do planeta Terra (e nem precisou da ajuda da mão divina... ou será que Deus ficou bravo por termos, na nossa insignificância, eliminado uma poderosa arma Sua de punição? Será que Deus não quer que achemos a cura para a Aids?)
Carl Sagan diz que precisamos ter a determinação corajosa de encarar o Universo como ele é de verdade, não impondo a ele nossas predisposições emocionais (necessidade de um pai que nos proteja constantemente – a raiz psicológica disso não deveria ser óbvia???), mas aceitando com coragem o que nossa exploração revelar.

GRAAAAAAAAAAANDE CARL SAGAN!!!!!!!!!!!!
Eu sei que você era contra qualquer tipo de idolatria (porque idolatrar alguém, significa acomodar-se em ser inferior ao objeto de idolatria e isso é inaceitável para uma mente brilhante), MAS CARL, EU ADOROOO VOCÊ!!!!!! Rsrsrsrsrs
E espero, sinceramente, mesmo sem acreditar num Deus Todo-Poderoso e Criador, que você esteja me ouvindo nesse instante de algum lugar... Porque, te parafraseando, uma só vida pra você, seria um desperdício de genialidade!!!!!!
Euzinha e o divino Código de Hamurabi (Louvre, Paris)

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