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segunda-feira, 9 de julho de 2012

A ciência e suas peculiaridades


Nossaaaa, quase enlouqueci nesse feriado!! Fiquei estudando física, química e matemática! Bom, na verdade estudei indiretamente...rs Estou terminando “Criação Imperfeita” do Marcelo Gleiser e amandooO!!!
Se queremos falar da origem da vida (ou qualquer assunto), precisamos saber do que estamos falando... por isso eu leio e aprendi MUITO sobre a cosmologia (não só moderna, como antiga) nesse livro!
Ele traz um resumo bastante acessível, da história das maiores descobertas físicas realizadas pelo homem, na busca por sua origem.
Marcelo Gleiser confronta a ideia moderna de muitos cientistas que buscam por uma Teoria Final (uma unificação de tudo que existe em um denominador comum, segundo ele, o equivalente ao criacionismo dos religiosos, mas para a ciência) que ele também já buscou, mas hoje não acredita mais. Ele diz que somos como um peixe que vive aprisionado num aquário; mesmo que o nosso aquário cresça sempre (pois é isso que ocorre com o corpo do conhecimento humano), tal como o peixe, nunca poderemos sair dele e explorar a totalidade do que existe. Haverá sempre um “lado de fora”, além do que podemos explorar. E precisamos humildemente reconhecer que, quanto mais respostas encontrarmos, mais perguntas surgirão. O que não invalida de forma alguma a busca pela “verdade final”.
Uma curiosidade SUPER interessante do livro é a história de Kepler e o seu mysterium cosmographicum (a figura da foto que, naquela época, descrevia perfeitamente como Deus teria criado o Universo)

Kepler era geométrico e, como todos os profissionais das diversas áreas, achou que a sua área poderia explicar perfeitamente a “mecânica” do Universo. Assim, separou os 5 sólidos perfeitos que conhecia (nenhum outro sólido tridimensional fechado pode ser construído a partir de apenas um objeto bidimensional – triângulos, quadrados e pentágonos. Os dois mais familiares são o cubo (feito de seis quadrados) e a pirâmide (feita de quatro triângulos equiláteros). Os outros três são o octaedro (oito triângulos equiláteros), o dodecaedro (doze pentágonos) e o icosaedro (vinte triângulos equiláteros).
Kepler imaginou que os cinco sólidos deveriam se encaixar um dentro do outro, como num quebra cabeça. Entre cada dois sólidos, uma esfera imaginária localizava a órbita planetária (na época se conheciam somente 6 planetas do nosso sistema). A incrível coincidência é que, para a época, a montagem dos sólidos, intercalando com os planetas, era perfeita, pois se existiam apenas 5 sólidos perfeitos e 6 planetas, sua dinâmica no modelo de Kepler daria certo para que não sobrasse nenhum fora da estrutura)
Kepler experimentou alguns arranjos para os cinco sólidos e encontrou um que coincidia com uma precisão surpreendente, com as distâncias entre os planetas medidas pelos astrônomos.
Com essa sacada genial, Kepler “resolveu” o maior mistério da astronomia, explicando a priori não só porque existiam apenas 6 planetas, mas também as suas distâncias em relação ao sol.
Apenas um cosmo desenhado por um Deus geômetra respeitaria as mais perfeitas proporções. Em sua estrutura simétrica, revelava a beleza divina da Criação.
Como que alguém tão errado poderia estar tão convicto de estar certo? Temos muito o que aprender com o erro de Kepler. A partir da nossa perspectiva moderna, é fácil ridicularizar a sua criação, chamá-la de delirante. Afinal, são oito planetas no sistema solar (Plutão foi rebaixado) e não seis. Se Kepler pudesse vê-los todos a olho nu, não haveria proposto o seu modelo e sua carreira teria tomado outro rumo. Sua visão limitada da realidade foi a sua bênção.
O que ocorreu com Kepler continua a ocorrer nos dias de hoje: construímos nossa visão de mundo com os dados que temos no momento. (E o mais incrível, é que as vezes parece se sustentar cientificamente)
Para ele, a ordem que vislumbrou era bela demais para não ser verdadeira. Marcelo afirma que, visto que jamais seremos capazes de medir tudo que existe, seu erro foi ter acreditado que é possível construir uma Teoria Final. Sempre haverá algo que nos escapará, algo além do alcance de nossos instrumentos. Nessa escuridão perene que nos cerca, podem ocultar-se grandes revelações, potencialmente capazes de reformular nossa visão de mundo.

É nesse espírito que Marcelo escreveu seu brilhante livro... sem profetizar um Deus criador (todos que estudam deixam de acreditar nisso, eventualmente), mas imbuído de um sentimentalismo que o faz crer que a ciência não tem todas as respostas... e, assim, quem garante que não existe o sobrenatural?

No meu modesto livrinho “Levei um Fora e Agora?”, já deixei o exemplo da “mão em terceira dimensão” (se quiser saber, leia! RS) que indica que nunca seremos capazes de decifrar todos os mistérios do Universo, pois sempre estaremos limitados por nossas condições físicas e cerebrais que ditam até onde podemos chegar...
RACIONAL, sem deixar de ser emocional!!!


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