Nossaaaa, quase
enlouqueci nesse feriado!! Fiquei estudando física, química e matemática! Bom,
na verdade estudei indiretamente...rs Estou terminando “Criação Imperfeita” do Marcelo Gleiser e amandooO!!!
Se queremos
falar da origem da vida (ou qualquer assunto), precisamos saber do que estamos falando... por isso eu leio e aprendi MUITO
sobre a cosmologia (não só moderna, como antiga) nesse livro!
Ele traz um
resumo bastante acessível, da história das maiores descobertas físicas
realizadas pelo homem, na busca por sua origem.
Marcelo Gleiser
confronta a ideia moderna de muitos cientistas que buscam por uma Teoria Final
(uma unificação de tudo que existe em um denominador comum, segundo ele, o
equivalente ao criacionismo dos religiosos, mas para a ciência) que ele também
já buscou, mas hoje não acredita mais. Ele diz que somos como um peixe que vive aprisionado num aquário; mesmo que o nosso
aquário cresça sempre (pois é isso que ocorre com o corpo do conhecimento humano),
tal como o peixe, nunca poderemos sair dele e explorar a totalidade do que
existe. Haverá sempre um “lado de fora”, além do que podemos explorar. E
precisamos humildemente reconhecer que, quanto mais respostas encontrarmos,
mais perguntas surgirão. O que não invalida de forma alguma a busca pela
“verdade final”.
Uma curiosidade
SUPER interessante do livro é a história de Kepler e o seu mysterium cosmographicum (a figura da foto que, naquela época,
descrevia perfeitamente como Deus teria criado o Universo)
Kepler era
geométrico e, como todos os profissionais das diversas áreas, achou que a sua
área poderia explicar perfeitamente a “mecânica” do Universo. Assim, separou os
5 sólidos perfeitos que conhecia (nenhum outro sólido tridimensional fechado
pode ser construído a partir de apenas um objeto bidimensional – triângulos,
quadrados e pentágonos. Os dois mais familiares são o cubo (feito de seis
quadrados) e a pirâmide (feita de quatro triângulos equiláteros). Os outros
três são o octaedro (oito triângulos equiláteros), o dodecaedro (doze
pentágonos) e o icosaedro (vinte triângulos equiláteros).
Kepler imaginou
que os cinco sólidos deveriam se encaixar um dentro do outro, como num quebra
cabeça. Entre cada dois sólidos, uma esfera imaginária localizava a órbita
planetária (na época se conheciam somente 6 planetas do nosso sistema). A
incrível coincidência é que, para a época, a montagem dos sólidos, intercalando
com os planetas, era perfeita, pois se existiam apenas 5 sólidos perfeitos e 6
planetas, sua dinâmica no modelo de Kepler daria certo para que não sobrasse
nenhum fora da estrutura)
Kepler
experimentou alguns arranjos para os cinco sólidos e encontrou um que coincidia
com uma precisão surpreendente, com as distâncias entre os planetas medidas
pelos astrônomos.
Com essa sacada
genial, Kepler “resolveu” o maior mistério da astronomia, explicando a priori não só porque existiam apenas 6
planetas, mas também as suas distâncias em relação ao sol.
Apenas um cosmo
desenhado por um Deus geômetra respeitaria as mais perfeitas proporções. Em sua
estrutura simétrica, revelava a beleza divina da Criação.
Como que alguém tão errado poderia estar
tão convicto de estar certo? Temos muito o que aprender com o erro de
Kepler. A partir da nossa perspectiva moderna, é fácil ridicularizar a sua
criação, chamá-la de delirante. Afinal, são oito planetas no sistema solar
(Plutão foi rebaixado) e não seis. Se Kepler pudesse vê-los todos a olho nu,
não haveria proposto o seu modelo e sua carreira teria tomado outro rumo. Sua visão limitada da realidade foi a sua
bênção.
O que ocorreu
com Kepler continua a ocorrer nos dias de hoje: construímos nossa visão de
mundo com os dados que temos no momento. (E o mais incrível, é que as vezes
parece se sustentar cientificamente)
Para ele, a
ordem que vislumbrou era bela demais para não ser verdadeira. Marcelo afirma
que, visto que jamais seremos capazes de medir tudo que existe, seu erro foi
ter acreditado que é possível construir uma Teoria Final. Sempre haverá algo
que nos escapará, algo além do alcance de nossos instrumentos. Nessa escuridão
perene que nos cerca, podem ocultar-se grandes revelações, potencialmente
capazes de reformular nossa visão de mundo.
É nesse
espírito que Marcelo escreveu seu brilhante livro... sem profetizar um Deus
criador (todos que estudam deixam de acreditar nisso, eventualmente), mas
imbuído de um sentimentalismo que o faz crer que a ciência não tem todas as
respostas... e, assim, quem garante que não existe o sobrenatural?
No meu modesto
livrinho “Levei um Fora e Agora?”, já deixei o exemplo da “mão em terceira
dimensão” (se quiser saber, leia! RS) que indica que nunca seremos capazes de
decifrar todos os mistérios do Universo, pois sempre estaremos limitados por
nossas condições físicas e cerebrais que ditam até onde podemos chegar...
RACIONAL, sem deixar de ser emocional!!!
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